É preciso escolher a alegria para soma dos dias
Sou psicóloga, é um dos meus mil mundos. Esta foi a profissão que escolhi muito lá atrás no tempo, quando ainda nem sabia bem o que isso era mas tinha a vaga ideia que servia para amparar os outros. Tenho uma atenção especial ao Outro e luto conscientemente todos os dias para aceitar o que é diferente de mim, travo uma batalha longa para fugir ao preconceito, ao estigma, ao julgamento só porque sim ou só porque o diferente me assusta. Não quero ser intolerante e acredito que todos os dias ganho terreno, às vezes falho, mas porque sou humana e não porque sou indiferente. É uma luta orgulhosa, a caminho de ser cada vez mais Humanista.
Desde que exerço e sou terapeuta, passaram doze anos, já ouvi muitas histórias de grandes e pequenos, transversal a quase todas é o desconsolo e a desesperança, esse imenso infortúnio de deixar de acreditar. O meu desafio é mostrar que o amanhã chega sempre e pode ser melhor, que é preciso escolher a alegria para soma dos dias. Era, pois, inevitável que no livro que escrevi surgissem nuances da minha profissão - é verdade que muitas emoções inspiraram as minhas histórias - relatos que ouvi, dificuldades que ajudei a superar, angústias que os meus pacientes derrubaram, muros que por vezes não conseguiram saltar e onde voltam a tropeçar, infelizmente também acontece, tudo isto está reflectido aqui e ali no "Não te esqueças de Sentir". Como num espelho. Era inevitável.
Fica um excerto de uma dessas emoções que vem no livro. É real e doeu que se fartou.
Um abraço de Domingo para todos.
"Filha, o mar está tão azul, a areia tão fina, as gaivotas olham para nós com olhos de perguntar por ti e pela tua calma.
Não falaremos mais na balança nem nos poucos quilos que te levaram de nós, não contaremos mais as ervilhas que comes ou os bagos de arroz que escondes, só queremos que voltes, viva e feliz." in Não te esqueças deSentir"